Este é o espaço onde contamos as nossas aventuras como comerciantes de fruta no mercado de Olhão, recuperando a tradição secular da família. O nome do Blogue homenageia a nossa Avó, mais conhecida por Ti Venturinha.
Estávamos no outro dia a ver um documentário sobre formas de subsistência em aldeias do 3º mundo e tomámos conhecimento que em Moçambique muitas aldeias produzem papel de bananeira...
Ora, pusémo-nos a investigar e descobrimos que o processo de produção é relativamente simples. Fizémos uma experiência um pouco tosca e não é que resultou!!!
O resultado é um papel tipo craft, muito interessante. Para a próxima vamos tentar produzir uma versão menos espessa, menos fibrosa e um pouco mais clara.
Investigando um pouco mais a fundo vimos descobrindo que em muitos países como o Japão e Austrália, existem empresas especializadas na produção de papel de Bananeira. É que o processo é não poluente ->100% ecológico.
Acresce que o tronco usado para produzir o papel tem de ser cortado da planta de bananeira depois de esta dar o fruto. A planta, que se encontra debaixo do solo continua bem viva e dá origem a novos filhotes.
Quando tivermos o processo um pouco mais oleado, publicaremos um passo a passo de como fazer papel de bananeira!
Bom, voltámos ao mercado de Olhão (pelo menos por um par de semanas)... Confesso que já tinhamos algumas saudades de ver o amanhecer junto à Ria. Pela primeira vez levámos Mangas, além das habituais Bananas e Papaias.
Como podem ver pela Foto, a Patricia tá a ficar com a barriga proeminente. :-)
A Ti Venturinha não tem ido ao mercado... mas isso não significa que o projecto esteja parado. Digamos que temos estado a arrumar a casa. Aqui vemos a Mariana a pintar os recipientes para a Reciclagem na Quinta.
Por motivo de problema de saúde de familiar próximo, a Ti Venturinha estará ausente do mercado nos tempos mais próximos. A todos os que nos visitam regularmente um abraço sentido.
Depois da aplicação de composto de emergência (o chamado Compost Tea), as coisas começaram a resultar bem melhor... Mais um episódio da séries de vídeos You Tube, sobre como criar uma horta biológica.
A capacidade de sobrevivência dos animais é algo que não para de nos surpreender.
Acima, um momento de descanso e contemplação de dois cães guerreiros... Considero-os cães guerreiros pela sua capacidade de luta contra as adversidades da vida. Tinham acabado de atravessar a ria vindos da Ilha do Côco. Não raras vezes os vimos fazer este percurso de Inverno e de madrugada. Tudo por um aconchego para o estômago.
O Olhanense é campeão e sobe à 1ª Divisão! Pequeno clip captado momentos após da conclusão do jogo em Gondomar. O Centro da Festa foi, claro está, nos mercados de Olhão... Olhanense! Olhanense! Olhanense!
Desde há umas semanas temos o privilégio de apresentar na nossa banca Doces feitos pelo casal alemão Blasius. Radicados no nosso país há já diversos anos, combinam frutos algarvios com bagas e ervas da Baviera, sua região natal.
Os sabores variam: ameixa, amora, laranja, mirtilos, groselhas, gengibre, ruibarbo, maçã, entre outros... É tudo realizado com produtos 100% biológicos e com reduzidos índices de açúcar (alguns dos doces possuem um fracção de açúcar de apenas 30%, face à quantidade de fruta).
Bom, para quem é cá da terra, o Veríssimo dispensa apresentações...
Para quem não é da terra, posso dizer-vos que é um dos muitos ficheiros secretos de Olhão. Um autêntico Tarzan urbano que se sente em Olhão como peixe na água. Há quem diga que fritou com muito LSD e outros dizem que ele caiu no caldeirão da poção mágica. A Ti Venturinha não tem razões de queixa do Veríssimo. Não raras vezes ajuda-nos a descarregar as caixas do carro. Quase todos os Sábados volta a meio da manhã para comer uma Papaia madura.
Ora bem, este Sábado estávamos nós a falar com um fotógrafo que nos pediu autorização para captar a banca, quando surgiu o Veríssimo... O seu magnetismo cativou o fotógrafo que o fotografou em diferentes poses. Eu cá achei piada e fotografei os dois: Veríssimo e fotógrafo.
Até aqui tudo normal... pois bem, em amena cavaqueira com o anónimo e simpático fotógrafo, vim a descobrir que era de nacionalidade inglesa, que se chamava Kevin e que estava cá a trabalho... É jornalista do The Guardian e está a fazer uma peça sobre um paraíso perdido chamado Culatra (para os mais atentos, segundo me disse é suposto sair na edição de 2ªfeira próxima, 11 de Maio).
UAU!!! Quem sabe o Veríssimo não sai no The Guardian!
Aí estão, as mais fofinhas cenouras de sempre, resultado de sementes biológicas cedidas pela GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental durante o Festival Boom no verão passado.
Para quem pretende consultar mais informação sobre os perigos de alimentos transgénicos, sugerimos a consulta de http://gaia.org.pt/.
Quanto às cenouras... são pequeninas mas saborosas.
Bom... está previsto para breve (pelo menos no Verão) que a Ti Venturinha possa ir de tournée... Por agora limitamo-nos a visitar outros mercados. E assim, foi no passado fim-de-semana visitámos o mercadinho de primavera em Cacela-Velha.
O local é lindíssimo e o ambiente foi do melhor... Alta onda... Entre muitos outros artistas e feirantes, conhecemos a Nina (alemã) e o Aslan (turco). Agora que completaram as licenciaturas, andam por aí na sua caravana a conhecer o mundo e a decidir o que querem fazer da sua vida.
Por nós, está decicido. Foram as pessoas mais bonitas do dia... Olhem para eles? Não se consegue ver felicidade e liberdade nos seus rostos?
O Aslam estava a fazer um instrumento musical com uma cana, 2 rolhas, 4 pregos e bagos de arroz... Aquilo despertou-me curiosidade... E foi assim que começámos a conversa.
Se quiserem conhecer um pouco melhor os locais por onde a Nina e os Aslam já passaram vejam o seu Blog, onde normalmente colocando fotos por onde vão passando. Fui lá agora e fiquei a saber que depois de Cacela, passaram por Almodovar:
Jurgen Grau é um talentoso artista plástico que vive perto de Tavira no Outuno e Inverno. A sua boa disposição acompanhou-nos durante 6 meses... Infelizmente o Jurgen vai agora voltar para Frankfurt para a Primavera e Inverno.
A Ti Venturinha espera-te no próximo Outuno Jurgen. Vamos ter saudades.
Bom... confesso que por vezes me troco todo a tentar falar vários idiomas com os nossos visitantes.
Ali pelas 10h por vezes coincidem a Heidi e o Rainer (Alemães), a Grace e Derreck (Ingleses) e o Jean e Lucette (Franceses). Esforçamo-nos por aprender com eles e eles procuram aprender o português connosco.
Hoje, dei por mim a pensar nas nacionalidades dos nossos visitantes, uns mais habituais e outros mais ocasionais.
Mas aqui ficam alguns países que já deixaram a sua marca na Ti Venturinha (pelo menos que eu me lembre): Alemanha, Angola, Cabo Verde, China, Espanha, França, Marrocos, Moçambique, India, Inglaterra, Itália, Portugal, Rússia, Suiça, Suécia, Ucrânia.
Como prova de amizade e respeito cultural para com todo os povos, vamos iniciar um novo apontamento aqui no nosso blogue... Chamar-se-á Dicionário Venturês. Basicamente será uma compilação de palavras nucleares em vários idiomas do mundo (fica também como cábula para nós próprios).
Ai isso é que são.... Inês e Fernando, pessoas castiças.
A nossa aventura é feita de verduras, frutas, mas fundamentalmente de pessoas. Em particular, todas aquelas que tornam a nossa experiência mais rica.
A Inês e o Fernando são das tais pessoas que dão mais cor à nossa manhã. Quando dissémos que lhes queríamos tirar uma foto, logo disseram "A nós? Mas nós não somos castiços!!!"...
A MINI está connosco já há 2 meses. Resgatámo-la da rua já ferida e mal tratada. Ainda esteve uns tempos num abrigo, mas apanhou um virus que lhe causou sérios problemas respiratórios. Depois de muitos vapores ficou melhor, mas logo de seguida veio um fungo e caiu-lhe o pelo... Pobre MINI!...
Mas isso tudo já passou e agora está saudável e terrívelmente traquinas. Como a casa já um pouco lotada, gostávamos de lhe encontrar uns donos à maneira.
A MINI é um doce de gata. Super-afável: parece um barco a motor assim que se aproxima de um ser humano, de tão alto que ronrona.
Se procuram companhia felina, contactem-nos através do email tiventurinha@gmail.com. Lembrem-se que habitamos no Algarve pelo que mais longe do que isso é difícil combinar encontro para verem a MINI.
Após 3 meses de carinho e acompanhamento temos rabanetes... Infelizmente muitos deles "estalaram". Segundo nos disseram terá sido pelo frio excessivo ou por terem ficado demasiado tempo no solo.
Não são grande coisa à vista, mas são saborosos e os nossos visitantes mais madrugadores levaram-nos a todos. Obrigado!
Mais um episódio do nosso passo a passo, sobre como criar um horta biológica. Neste episódio o nosso amigo tem problemas com excesso de água e consequente falta de nitrogénio, porque tem chuvido muito...
Como medida de contingência ele mostra-nos como faz o seu "chá de composto", que supostamente é um fertilizante suave e de acção lenta... O chá é uma forma de expressão porque os ingredientes fundamentais são cócó de galinha, cascas de fruta, folhas e água.
A propósito, lá na quinta, o Leonardo e o Virgílio andaram feitos malucos a fazer umas vedações para criarmos galinhas... Isso quer dizer que em breve vamos ter ovos (e novos ingredientes para o composto, eh, eh...).
De vez em quando atrevo-me a escrever coisas um pouco mais pensadas. Desta feita gostava de partilhar a história de um amigo que fizémos nas nossas manhãs de Sábado no mercado de Olhão.
Próximos dos seus 40 anos, de nacionalidade Suiça, o Olivier aproximou-se de nós numa solarenga manhã de sábado. Era alto, longilíneo, de tez branca e olhos azuis. A sua aproximação foi suave e discreta.
Ao longo de três sábados consecutivos fez-nos visitas e connosco partilhou a sua história e modo de vida. Falou-nos bastante da sua opção em viver de forma livre, em função dos elementos da natureza e completamente desprendido das regras tradicionais da sociedade ocidental. Na verdade só nos contou tudo isso porque nós fomos curiosos. Ele até estava interessado em falar das coisas simples da vida e conhecer um pouco da nossa cultura .
A sua aparência com vestes exóticas e normalmente descalço, levava a que muitos o interpretassem como um marginal ou sem-abrigo... A dada altura um vizinho, na melhor das intenções, chegou-me discretamente a perguntar porque falávamos tanto com aquele "vadio". Lá tentei explicar educadamente que o Olivier vivia daquela forma humilde e desprendida, por opção consciente e inteligente... mas não sei se me consegui explicar. São coisas que fogem da bitola habitual de avaliação dos padrões de vida pela nossa "sociedadezinha".
A voz do Olivier era melodiosa, como a fazer lembrar criaturas mágicas do imaginário do Senhor dos Anéis e sua presença tinha um efeito tranquilizador nas nossas cabeçinhas... Levava-nos a sentir que tudo ia correr bem.
O contacto com o Olivier foi marcante, porque chegou num momento de encruzilhada das nossas vidas. Não pretendíamos sair por esse mundo como nómadas, mas sentiamo-nos escravos e dependentes de várias coisas... Sentíamos necessidade de mudar algo.
Entre várias decisões que tomámos, uma foi vender a casa que comprámos (na verdade a casa pertencia ao Banco, a quem pagávamos juros chorudos)... Precisamente nesta semana mudámo-nos para uma casa alugada e vendemos a casa que estávamos a pagar ao banco.
Na nossa antiga casa, tinhamos a cozinha perfeita, totalmente equipada com máquinas state-of-the-art mais inteligentes que o Einstein, a sala perfeita, com móveis da moda IKEA, todos a combinar e os quartos perfeitos, todos com ar condicionado.
De alguma forma tinhamos pensado que precisávamos de toda essa perfeição para sermos felizes.
BURROS...
Existem muitas coisas que nos conferem falsa sensação de segurança. Coisas que fazemos porque sempre nos disseram que era o mais correcto ou porque nos ajuda a integrar na sociedade em que vivemos... O problema é que a sociedade em que vivemos é fortemente condicionada por valores consumistas. Tudo isto levou-nos a reconsiderar muitos aspectos da nossa vida.
Claro que sentimos a falta do ar condicionado nos quartos, mas acreditem que estamos mais felizes.
